Cálculo Renal

Sem dúvida é o principal problema urológico que leva o paciente a procurar serviços de emergência quando não tratado previamente. O paciente que apresenta um cálculo renal assintomático e sem complicações está sujeito a migração do mesmo para o ureter, causando dor intensa e dilatação do rim acometido por obstrução do fluxo urinário. Em casos extremos, pode levar a perda da função renal se não houver tratamento adequado precoce.

Inúmeras causas podem levar a formação de cálculos no sistema urinário, desde alterações metabólicas, distúrbios alimentares, alterações anatômicas, uso de algumas medicações, dentre outras. Em grande parte dos pacientes submetidos à investigação, não é possível identificar a causa da sua formação. Além de dor lombar característica, muitas vezes com irradiação para região inguinal e genital, as crises podem ser acompanhadas de náuseas, vômitos, sangramento na urina e infecção urinária associada.

Quando ocorre infecção urinária renal concomitante com quadro obstrutivo do fluxo urinário, o paciente pode apresentar febre, prostração, sudorese e mal estar generalizado, correspondendo a um quadro mais grave que necessita de intervenção cirúrgica de urgência. O tratamento da litíase vai depender do tamanho e localização do cálculo no sistema urinário. Atualmente é possível realizar a grande maioria dos procedimentos por via endoscópica com uso de laser, sem necessidade de incisões, através de ureterorrenolitotripsia.

Em casos de cálculos renais maiores, geralmente é possível tratar com um procedimento minimamente invasivo chamado litotripsia percutânea, realizado através de pequena incisão no dorso para acesso ao rim e fragmentação e retirada do cálculo. Um cateter duplo-J é comumente utilizado para recuperação e drenagem do ureter após o procedimento. Sua retirada é realizada via endoscópica sob sedação, em ambiente cirúrgico, porém sem necessidade de internação hospitalar.

As principais orientações para prevenir os cálculos renais consistem em aumentar a ingesta hídrica, reduzir a quantidade de sal na alimentação, evitar o excesso de proteínas na dieta, aumentar a ingesta de frutas e verduras, manter hábitos de vida saudável e realização de exercícios físicos regulares.

Fatos e Mitos

Devo reduzir a ingesta de cálcio na dieta para evitar formação de novos cálculos renais?

Não! Apesar da grande maioria dos cálculos apresentarem cálcio em sua composição, sua redução na dieta pode até aumentar as chances de formação dos mesmos. Uma dieta pobre em cálcio leva a um estado de maior absorção de oxalato intestinal e consequentemente maior excreção urinária, levando a formação de cálculos. Além disso, essa dieta pobre em cálcio pode acelerar o processo de osteoporose. Portanto a restrição de cálcio na dieta de pacientes com história de litíase NÃO está recomendada.

Combater a obesidade pode reduzir chances de cálculos renais?

SIM! Diversas alterações urinárias que levam à formação de cálculos já foram relacionadas com obesidade em diversos estudos. A associação com resistência insulínica e diabetes tipo 2, muito comum nesses pacientes, também são fatores que tornam a urina mais propícia a formação de cálculos.

O chá de quebra pedra funciona mesmo?

Infelizmente não. Ajuda como fonte de hidratação, como qualquer outro suco ou chá. Seria incrível a existência de uma substância que realmente dissolvesse esses cálculos! Quem sabe no futuro teremos.

Uso excessivo de vitamina C pode ter relação com cálculo renal?

SIM! Apesar de vários benefícios, sua metabolização, quando em excesso pode elevar muito a excreção de oxalato na urina, levando a formação de cálculos renais.

Todo cálculo renal necessita de tratamento cirúrgico?

Pelo contrário! A grande maioria dos cálculos renais são pequenos, menores que 0,5cm e geralmente não necessitam de intervenção cirúrgica. Nesses casos realizamos investigação metabólica, acompanhamento ultrassonográfico periódico e medidas clínicas.

Mas se o cálculo saiu do rim e está obstruindo a passagem de urina no ureter, tenho que operar?

Nem sempre! Dependendo do tamanho, localização e dos sintomas associados, podemos tentar o tratamento clínico expulsivo e acompanhar bem de perto esse paciente. Caso não haja resolução, podemos realizar a retirada por via endoscópica, muitas vezes com alta hospitalar no mesmo dia.

Existem outras modalidades de tratamento do cálculo renal?

SIM! Além da via endoscópica e da percutânea, citadas acima, temos tratamento por ondas de choque para cálculos pequenos e pouco densos e cirurgia videolaparoscópica para casos mais específicos.

O cateter duplo-J causa algum incômodo?

As queixas variam muito de paciente para paciente. Muitos não apresentam nenhum desconforto, alguns sentem vontade de urinar constantemente, mesmo com pouca urina na bexiga, outros sentem desconforto em região lombar. Raros são os casos em que sua presença é insuportável. Existem diversas estratégias medicamentosas que podem reduzir os sintomas relacionados ao cateter.

Posso trabalhar usando o cateter?

Já operei paciente que me ligou no outro dia querendo fazer academia ou viajar para alguma praia distante para surfar. A maioria apresenta algum grau de desconforto. Minha orientação sempre é para realizar atividades com moderação, sabendo que esforço físico pode causar desconforto ou algum grau de sangramento na urina, que geralmente cessam com repouso novamente.

A análise da composição do cálculo é imprescindível?

A investigação metabólica do paciente ajuda mais do que a análise da composição do cálculo. Muitas vezes durante a cirurgia ocorre fragmentação completa do cálculo pelo laser, não sendo possível a retirada de fragmentos para análise. Portanto, a análise do cálculo pode ajudar na investigação, mas não é essencial.

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